segunda-feira, 5 de abril de 2010

Natália Rosa - e a experiência malaia - parte 2


Voltando para responder algumas perguntas e contar um pouco mais sobre a minha experiência do outro lado do mundo (e com um pedido aos demais intercambistas: Compartilhem suas experiências também):

O trabalho

Eu trabalho em um data centre (um centro de processamento e armazenamento de dados e sistemas terceirizado para diversos tipos de empresas) como Business Analyst. O meu trabalho basicamente é analisar o desempenho mensal da empresa, não só em termos quantitativos, para assim podermos melhorar e crescermos sustentavelmente. Mas os trainees (já sou parte da “terceira geração” e hoje tenho a companhia de uma polonesa e logo mais uma búlgara) também podem ser “emprestados” as outras áreas. Assim, além de trabalhar em parceria com a outra trainee, eu ajudo na área financeira da empresa, o que eu adoro.

Eu, particularmente, considero a empresa pequena, mas para os padrões da AIESEC local, todos dizem que ela é grande (cerca de 100 funcionários X 40, em média, dos outros trainees). E minha empresa é sim muito boa: tem bons processos, se preocupa com os funcionários e é séria. Claro, que como qualquer outra empresa no mundo ela tem problemas, e pequenas soluções, que podem parecer simples, podem realmente fazer uma diferença.

Trabalho (efetivamente, não só passando o tempo no escritório) muito mais do que no Brasil, mas por escolha própria. Eles não me pagam nem um centavo a mais por isso, mas como um dos meus objetivos do intercâmbio é realmente fazer alguma diferença para a empresa, eu não simplesmente me levanto depois de 8 horas de trabalho e volto para casa. Em parte também a um dos meus maiores defeitos, a falta de concentração por um longo período de tempo.

Escolhas

Quando eu entrei para a AIESEC meu foco era de fato vir para a Ásia. Claro que algumas vezes não pude resistir a algumas ofertas em lugares mais típicos, como a Europa Ocidental, mas eu não deixei de lado essa parte do planeta por nenhum momento. E sim, é uma escolha muito difícil. Não tanto quando se está concorrendo a uma vaga, mas quando o processo começa a ficar mais sério, você passa a se perguntar se você realmente consegue lidar. E cá estou eu, quase entrando no meio terceiro mês, e sem me arrepender.

Quanto a ser uma mulher sozinha se aventurando por terras desconhecidas, acho que hoje em dia não há tantos problemas. Apesar de ser um país mulçumano, por exemplo, eu não enfrento nenhum grande dilema quanto a roupas, comportamento ou algum preconceito direto. Claro que todo cuidado é pouco (e um certo respeito pela cultura alheia também), mas vejo que muitas pessoas vêem mulheres assim muito mais como responsáveis ou corajosas, e portanto, tratam-nas com um maior respeito, do que o contrário.

Todas as outras coisas

Bem, sem querer “puxar o saco”, mas eu vejo a AIESEC aí no Brasil muito mais prestativa e responsável do que o meu LC daqui. E sequer posso dizer que são diferenças culturais, pois já conversei com outros LC’s locais e eles têm opiniões e tratamentos diferentes para os seus trainees. Acredito que a minha sorte foi justamente a de conseguir uma acomodação em um condomínio cheio (praticamente metade, se não me engano) de trainees e ex-trainees que ficaram por aqui. Ter uma trainee no trabalho também ajudou bastante. São eles que já passaram por muitas coisas que você também passará e são eles que, sem também terem, viram sua nova “família”.

A vida noturna de KL é algo que eu não esperava ser tão boa. Temos uma rua chamada Changkat (onde, por acaso, fica o meu escritório), onde encontra-se muitos bares e baladas e onde muitos expatriados e turistas costumam freqüentar. É o principal ponto noturno da cidade. Mas há também outras regiões menos badaladas, com mais bares e cafés, mas que não deixam a desejar, e servem de alternativa quando se está cansado de ver, todo fim de semana, as mesmas pessoas.

Antes de terminar, queria vender um pouco mais o país. A Malásia, de um modo geral, me impressionou, positivamente é claro, muito mais do que eu esperava. E vejo muitas (muitas mesmo!) pessoas que vieram passar 6 meses/1 ano e ainda estão por aqui 2 ou 3 anos depois. Recentemente, me tornei a diretora do Global Ambassador Group, uma comunidade de trainees e ex-trainees criada pela AIESEC daqui, mas presidida anualmente por algum trainee. O ex-diretor (Lucas) também é brasileiro, e voltou para casa para terminar a faculdade. O objetivo, além de promover festas e encontros, despedidas e recepções é claro, é auxiliar os trainees que estão chegando ou já estão aqui, com problemas que possam surgir no caminho. Também serve para criar um vinculo maior entre a AIESEC Malásia e os seus trainees espalhados pelo país. Então, se alguém estiver considerando vir para cá, saiba que será muito bem recepcionado(a)!

Eu tento atualizar o meu blog com novos acontecimentos, mas muitas vezes me falta coragem para isso, mas deixo aqui o endereço de qualquer forma. Até mais, futuros EP's!