terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fabíola Andrade - Trabalhando na Holanda

Oi, pessoas!

Volto a escrever aqui, agora já com mais de 6 meses de Holanda, com uma percepção maior sobre a cultura e a sociedade holandesa e, mais especificamente, sobre o ambiente corporativo.

Na Springer, a editora onde eu trabalho, por exemplo, eu notei que colegas de trabalho são apenas ‘colegas de trabalho’ mesmo – e não se transformam automaticamente em amigos com o tempo, como frequentemente acontece no Brasil. Pelo menos, esta é a minha impressão e também impressão de alguns trainees internacionais que conheci por aqui. A atmosfera de trabalho costuma ser amigável, sempre tranquila, mas não é comum que as relações de trabalho se transformem em amizade e nem em maiores intimidades. E o clima é quase sempre livre de estresse.

Aliás, outro ponto relevante nessa questão é o respeito que permeia todas as camadas do ambiente corporativo. Aqui não se vê gerente dando esporro em funcionário, pessoas falando alto ao telefone, funcionário arrancando os cabelos porque não conseguiu atingir sua meta, nem nada disso. Nesse ponto, tudo é bem tranquilo. É claro que tem pressão por resultados e há cobranças sim, assim como em qualquer empresa de grande porte em qualquer lugar do mundo. Mas eu sinto que aqui as coisas não descambam pro lado pessoal, fica num nível profissional e sem aquela carga emocional que geralmente causa estresse no trabalho. Trabalho é trabalho. E os holandeses levam isso ao pé da letra. Por exemplo, ninguém perde suas noites de sono e horas livres por causa de pepinos na empresa; mas também ninguém te convida pra uma baladinha no fim-de-semana. Cada um faz a sua parte. E normalmente no final do dia, lá pelas 18h, todos seguem tranquilos para suas casinhas, e de bicicleta! :p

Outra coisa legal que eu percebi no ambiente empresa é que não existe aquela barreira invisível que separa os estagiários dos gerentes, e os gerentes dos diretores, e estes dos vice-presidentes. Todos são tratados dentro da empresa – e, espera-se, tratam os outros também – de forma igual. Não rola aquela coisa de “você sabe com quem está falando?”, porque todos os funcionários normalmente são ouvidos e valorizados da mesma forma. Soa até meio utópico isso, mas na minha experiência até agora tem sido assim.

Um exemplo que acontece direto: um dia estava eu, sentadinha no refeitório Sodexo da empresa, no 10º andar, começando a almoçar – estava sozinha, naquele dia eu almocei muito tarde. Quando me viro, vem o VP da minha divisão e pede licença pra se sentar comigo à mesa, eu, uma mera estagiária. Foi um almoço normal, como qualquer outro, exceto por eu estar “confraternizando” com um VP da empresa. E acontece a mesma coisa com assistentes, estagiários, etc. Todos são tratados de forma igualitária, são ouvidos, e o mais legal: sempre são incluídos nas ocasiões sociais, conversas informais na salinha do café etc., sem preconceito de nível hierárquico.

Eu acho isso muito bacana na cultura corporativa holandesa. Não é só porque uma pessoa ganha mais e tem uma posição mais alta na hierarquia da empresa que ela necessariamente vai se distanciar do resto da equipe. :)

Enfim, estou achando a experiência toda muito rica, trabalhar em outro país, aprender sobre diferentes culturas e expandir os horizontes para além do Brasil está sendo muito legal, em um sentido muito mais amplo do que apenas na parte profissional. Eu recomendo muito. Aos futuros EP’s, GO FOR IT! :)

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